terça-feira, dezembro 26, 2006

Noite Feliz

Um aperitivo da noite de Natal



sexta-feira, dezembro 22, 2006

Dezembro: um conto de Chrismukkah

Tenho poucas memórias espontâneas de minha infância e a alegria da chegada do mês de Dezembro é uma delas. Lembro-me de festejar a chegada de Dezembro desde bem pequenininha. Este mês tinha suas peculiaridades, que eram bem marcantes. Cheiros, sabores, sons e imagens.

Dezembro marcava o fim de ano na escola e a festa de Fim de Ano da Escola era a oportunidade da apresentação para os Pais, que incluía números de dança ou música. O fim de ano na escola representava a chegada das férias, o poder dormir até mais tarde.

Representava também a chegada do verão e com ele aquele cheiro gostoso das chuvas fortes do final de tarde. Nos primeiros dias de Dezembro ainda podíamos ter a sorte de passarmos uma manhã na piscina do clube A Hebraica. Consigo lembrar como se fosse hoje a deliciosa sensação de ver nossa mãe nos levar para o Clube, com sua sacola de couro marrom com bordados, meio tipo saco “hipponga”, onde ela colocava todas as tralhas das filhas. Lembro-me do caminho, da viagem de táxi, e talvez anos mais tarde, de sua Variant (bordô, de chapa AP 0195 ). Ela parava no posto de gasolina da Rua Augusta e colocava Cr$ 5. Não faço a menor idéia de quanto isto representava de gasolina e nem tenho certeza de qual era a moeda. Só lembro o valor: 5. E lembro da alegria de ir com ela para a piscina do clube.

E os sabores de Dezembro! Sabores que coincidiam com a alta estação de algumas de minhas frutas prediletas: o gosto da cereja, o gosto da uva do tipo Niágara, gosto do pêssego bem docinho e, é óbvio, o gosto do Panetone. Este tinha que ser o da Cristallo, com aquela casquinha meio açucarada. Lembro-me dos meus pais e dos meus avós paternos trazendo várias “fornadas” durante o mês de Dezembro. E lembro-me de assaltar a geladeira, em busca de uvas e cerejas junto com minha mãe, minha cúmplice na paixão pelas frutas de Dezembro.

Lá pela segunda semana de Dezembro começava o “frenesi” daquele que era o mês mais importante para os negócios familiares. Meus pais trabalhavam até mais tarde e só voltavam lá pelas 10 horas da noite. Como comerciante de artigos para Cavalheiros (era uma camisaria, ou loja de roupas para homens, mas o pomposo título de “Artigos para Cavalheiros” sempre me intrigou), meu pai trabalhava duro nas últimas semanas do ano. Não me entendam mal, ele trabalhava o ano todo, mas aumentava o ritmo consideravelmente nos últimos dois meses do ano, e minha mãe precisava ajudá-lo em ritmo mais intenso a partir da segunda semana de Dezembro. Era o Natal que vinha chegando.

Aí começam as mais controversas e palpitantes memórias de Dezembro.

Os jingles das propagandas natalinas, que nos acompanham até hoje. Quem, da nossa geração, não se lembra da antiga música da quase falecida Varig (“Estrela brasileira iluminando....de norte a sul....nasceu Jesus, chegou o Natal...Papai Noel voando a jato pelos céus, trazendo um Natal de felicidades, e um Ano Novo cheio de prosperidade....), ou não se emociona ao cantar “Quero ver você não chorar não olhar para trás não se arrepender do que faz. Quero ver você não.....Bom Natal, um Feliz Natal, muito Amor e Paz pra você, prá você”, ou, mais tarde, o jingle da Globo, “hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou...”.

As imagens. Lembro-me de meu pai nos levando para ver a grande Árvore de Natal da cidade. Ela era montada e iluminada lá no Vale do Anhangabaú, bem antes de se montar qualquer Árvore de Natal no Parque do Ibirapuera. Meu pai nos levava no começo de Dezembro, quando as coisas ainda estavam calmas, em algum dia (ou noite) em que íamos buscar minha mãe e meus avós nas lojas. Era um “programão” ir ao centro da cidade ver as luzes de Natal. Naquela época ainda não existia Shopping Center (em Sampa, o Iguatemi ainda estava para nascer). Meu pai aproveitava para nos mostrar sua loja e a vitrine enfeitada. Eu achava meio estranho: a loja tinha uma vitrine pequena, que meu pai entulhava de mercadorias, alguma coisa branca para fazer parecer neve e umas bolotas vermelhas daquelas que parecem alumínio brilhante. Eu achava o gosto meio duvidoso, mas, alas, eu não entendia de nada, muito menos de comércio. Eu gostava mesmo era de espiar outras vitrines.Vai ver que foi daí que nasceu a minha paixão pelas luzes e vitrines de Natal de New York (sem comparações, por favor).

Por estes dias, todos os anos, uma casa vizinha à casa da minha Avó, na Rua Tatuí, montava um Presépio em seu jardim, que ficava visivelmente aparente da rua. Como nós (as netas) vivíamos brincando na casa da minha Avó, principalmente no mês de Dezembro, quando estávamos de férias, era inevitável que o Presépio chamasse nossa atenção. Mas nós não entendíamos direito o que significava e, de alguma forma, me lembro de um certo quê de coisa proibida no ar.

Quando tentei entender um pouco mais sobre o tal de “Natal”, de alguma forma me foi dito (pelo menos foi isso que ficou registrado na minha memória de infância) que Natal e “Papai Noel” eram coisas de “Góy” (para quem não sabe, Goy - ou Goi, é uma forma levemente pejorativa que os Judeus tem de se referir àqueles que não são Judeus, ou seja, os Gentis). Com um certo ar de superioridade, nós Judeus, já sabíamos desde bem pequenininhos que Papai Noel não existia.

Nesta época, e até completar 7 anos, eu estudava piano com a Professora Fernanda, e como não tínhamos piano em casa, eu ia praticar piano quase todos os dias na casa da Dna. Fernanda. Era bem pertinho, bastava virar a esquina da Alameda Lorena com a Rua Peixoto Gomide e eu podia ir sozinha. Ou assim é como me lembro. O que me lembro mesmo é que, em Dezembro, um dos quartos da casa da Dna. Fernanda ficava todo bagunçado, cheio de presentes embrulhados ou por embrulhar, e um montão de pequenos cartões espalhados. Melhor de tudo: parecia que Dna. Fernanda nunca estava em casa e sua empregada ficava num quarto na edícula, lá fora, bem distante. Sorrateiramente, eu deixava o piano sozinho na sala e partia para minhas aventuras naquele quarto proibido, onde os presentes da festa proibida me esperavam para serem minuciosamente investigados.

Nunca soube se a Dna. Fernanda alguma vez percebeu que seu quarto de presentes era remexido durante sua ausência. Se ela percebeu, não me puniu. E ainda, meus únicos presentinhos de Natal foram dados pela Dna. Fernanda. Ainda me lembro de um apontador de lápis em forma de passarinho. Inesquecível.

Foi mais ou menos nesta época, que Hanukkah, a festa das luzes, começou a ser comemorada de uma forma diferente lá em casa. O fato de Hanukkah ser comemorada no mês de Dezembro, muitas vezes bem próxima ao Natal, criou a oportunidade de associá-la às festividades de final de ano e aproximar o costume de se dar dinheiro em Hanukkah (Hanukkah Guelt) com a troca de presentes. Nós, as crianças, passamos a ganhar presentes, e me lembro de alguma ocasião em que minha mãe (e acho que minha tia) chegou a enfeitar um Carrinho de Chá, onde ela colocava a(s) Hanukkiah(s) (candelabro onde se acende as velas de Hanukkah), com chocolates em forma de moedinhas douradas. Seria este carrinho de chá nossa versão da Árvore de Natal?

Nunca soube se meus pais sabiam dos reais significados da festa de Hanukkah. Sei que aprendi seus significados na escola (judaica e religiosa). De qualquer forma, sempre gostei da festa. Com ou sem o Carrinho de Chá. A festa de Hanukkah só foi perdendo o seu significado quando não tinha criança à minha volta, a quem passar a tradição e a história. Afinal, é disso que se trata Hanukkah e todas as tradições judaicas (L’Dor V’Dor).

Ao mesmo tempo, também aprendi com meus antepassados (e leia-se aí minhas Avós e minha Mãe) a gostar de receber as pessoas em minha casa, a ser um ponto agregador e a celebrar as ocasiões festivas.

Você, meu filho, especial que é, poderá um dia ouvir, em tom agressivo, alguém chamá-lo de Judeu, ou de Góy. Que ninguém se atreva a chamá-lo assim, com agressividade, pois se alguém se atrever a usar desta agressividade, saiba que ensinaremos a você como se defender, com sabedoria e serenidade. Nós lhe daremos as devidas armas, a partir de nosso exemplo.

Hoje, ao acender a última vela de Hanukkah deste ano, e ao iniciar o preparo do jantar de Natal, que será depois de amanhã, quando reuniremos seus quatro avós pela primeira vez numa festividade com você, gostaria de compartilhar com todos este momento de alegria e da felicidade que temos de poder celebrar as duas festas de forma plena, com você, Alexandre, ao nosso lado.

Para alguns pode ser difícil entender (ou aceitar), mas mostrar a você o espírito festivo desta época do ano, celebrar a convivência harmoniosa das duas festas e mostrar as luzes acesas lado a lado é o mínimo que podemos fazer para manter sua integridade. Que todas as pessoas importantes para você possam entender que, independentemente da educação e da linha religiosa que pretendemos transmitir a você, você é parte de duas famílias de origens distintas, e igualmente importantes.

Que as luzes de Hanukkah e do Natal iluminem a estrada da Tolerância e da Harmonia.

L’Chaim e Boas Festas!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Vem chegando o verão

Vem chegando o verão, Um calor no coração
Essa magia colorida, Coisas da vida

(Marina Lima)



O tempo passa tão depressa e tantas coisas acontecem, que fica até difícil registrá-las.

Alexandre, meu filho, você é um menino muito moleque, bagunceiro, ativo e DELICIOSO. Você nos exige "full time". Engatinha, fica de pé se apoiando em qualquer coisa, anda com qualquer mínimo apoio, e até já fica alguns pequenos momentos sem apoio. Mexe em tudo que está à sua frente ou ao alcance dos seus olhinhos. Se envereda por caminhos escusos para alcançar qualquer coisa. Você tenta dançar ao som de suas músicas, bate palminhas e até balanca as mãos como se fosse dar tchau Adora seus Avós, Tios e Primos.

Mas melhor do que tudo: nesse último mês você começou a balbuciar constantemente Mamã e isto me deixa louca. Completamente louca. Tá certo que eu acho que este "Mamã" é meio prá tudo, mas vamos fazer de conta que é só para mim, tá?(*)

(*) Se alguém disser algo em contrário, basta mostrarmos que existem outras variações, tais como Némem, Namam, Némemãma, e por aí vai, mas que Mamã é só para mim!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Praia - minha primeira visita (Parte II: o Mar)


Ahhh, o Mar! Mas que delícia!!!

Num é que o pessoal achou que eu fosse estranhar todas aquelas ondas, a água gelada e a imensidão? Heepp, eles não me conheciam direito. Como pode? Eu sou peixinho e já nasci dentro do mar.












Por que será que as pessoas queriam me segurar tanto? Pô, não dava para me deixar mais livre, para eu entrar no mar mais vezes e mais fundo? E daí que a água estava fria? Será que eles não vêm graça em água fria?

Não me segura. Me deixa, me deixa ir mais, mais e mais!